OLHOOÓ COMBOIO DA LINHA DE SINTRA...EEEH BELAS!
Quem como eu morava em Queluz nos anos oitenta, recorda certamente a estação de comboios como um dos pontos centrais da vida social dos queluzenses; muito se namorava, muitas ganzas se fumavam, particularmente nas horas em que as sombras se adensavam; quem queria ver ou ser visto, ia à estação; havia ainda a envolvente, locais de peregrinação de várias gerações: O saudoso Trinitá e sua cave,local pecaminoso onde muito se convivia; a Bucha, onde se tomava o pequeno-almoço, antes ou depois de dormir...e a estação tinha também a sua fauna característica, os pintas que galavam garinas que chegavam e partiam no curto de Queluz...e os loucos, com direito a lista certificada por um determinado Mestre, e que se contavam já em mais de 7 dezenas! Em lugar de destaque, dois habituais da estação de Queluz-Belas: o Gama, figura de idade indefinida, sempre de óculos escuros de lentes verde-garrafa, bem apessoado, cabelo já escasso com brilhantina, e com dois hábitos peculiares: não falava, de todo, apenas se lhe ouviam sons semelhantes aos produzidos por Dustin Hoffman no "Dick Tracy", o inesquecível Mumbles, e tocava castanholas; o outro, o homem que produzia este grito a cada comboio que passava, era um bom gigante com braços de gorila, que para além do seu grito de alerta, conseguia a proeza anatómica de coçar qualquer orelha, passando o braço por detrás das costas...olímpico!
Isto tudo porque na segunda-feira vi os comboios no sentido de Lisboa a abarrotar, de uma forma como já não via desde os saudosos anos oitenta! E embora tenha saudades dos oitentas, seguramente não tenho nenhumas dos comboios apinhados, dos atrasos frequentes, dos acidente comuns...
E de repente, parece que retrocedemos 40 anos! A mobilidade dos seus cidadãos é uma das características das sociedades modernas, e se no centro de Lisboa este aspecto evoluiu grandemente nos últimos anos, com a rede de transportes cada vez mais inclusiva, rápida e confortável; o problema começa quando pretendemos sair das periferias, nomeadamente na linha de Sintra, onde a hora de ponta atingiu níveis incomportáveis de utilização, só comparáveis aos dos anos 80...
Está em causa a qualidade do serviço público e é hora dos responsáveis operacionais e políticos olharem... Pó comboio da linha de Sintra...Eeeh Belas!
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