ESTÓRIAS DE OUTROS TEMPOS...


São famosas as estórias sobre a chegada do automóvel a Lisboa...ligadas ao irmão do senhor Rei D. Carlos... o Duque do Porto, Afonso de Bragança, o nosso segundo Afonso Henriques, que até podia ter ficado na história como Afonso VII, se a pontaria dos atiradores Carbonários tivesse sido melhor, naquele 1 de Fevereiro de 1908. D. Afonso, fundador do Instituto de Odivelas, presidente honorário dos Bombeiros da Ajuda, Condestável de Portugal e ultimo Vice-Rei da Índia, General de Divisão do Exército Português, ficou carinhosamente, ou nem por isso, conhecido pelo povo como o Arreda! Eram famosos os seus gritos, ao volante do carro de bombeiros ou do seu Fiat: "Arreda! Arreda!"; as ruas da Lisboa de então eram muito mais adequadas ao transito de carroças e muares, e quando surgia o Bragança, o pânico e a galhofa instalavam-se entre os habitantes da cidade, que não teriam em grande conta o senhor D. Afonso.


A mesma cidade, outra época...Janeiro de 1945, o grande nevão da cidade de Lisboa...fotos tiradas então mostram-nos uma cidade do Norte da Europa, cheia de neve; no entanto, aqui é fácil reconhecer a Penitenciária ao cimo do Parque Eduardo VII...dizem-nos as crónicas desse ano final da maior guerra que a humanidade conheceu, e a que nós, astuciosamente, escapámos, que o tráfego foi, durante os dias de maior queda de neve, quase inexistente, devido ás difíceis condições de condução; o Diário de Lisboa afirmava " Lisboa já é uma cidade civilizada. Até tem neve!", a 16 de Janeiro...e tinha este soberbo Graham Six, de 1931...


O que me levou a escrever sobre chofers de outro tempo foram as conversas em família, à volta da mesa, sobre o Avô Manuel, motorista particular de um ilustre médico da capital dos anos 50; as estórias e recordações fotográficas das viagens a Espanha e França, invariavelmente para caçar ou passar uma temporada nas termas da região de Alicante, Vichy ou Evian...Sanitas Per Aquam! o mais curioso é que o ilustre personagem, duas vezes muito bem casado, de médico na vida, teve o curso... e estranhamente, digo estranhamente para os padrões de hoje em dia, nunca inscreveu o Avô Manuel na segurança social; cumpriu a sua obrigação, qual senhor feudal, e a pensão do Avô Manuel era recolhida num prédio da Rua Castilho, num apartamento com dezasseis divisões, paga pela criada, entretanto "promovida" a terceira esposa, amparo para os dias da velhice..." o senhor não precisa de pensão de reforma...a sua pensão de reforma sou eu!"...estórias de outro tempo!
Já agora, a primeira imagem é do primeiro Ford, modelo T, a chegar a Portugal, em 1908, ano do Regicídio!

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