CARLOS RUIZ ZAFÓN



Ignorei-o enquanto pude...fugia dele como se foge de uma doença contagiosa; fui resistindo enquanto consegui. Apesar de confiar muito no julgamento de obras literárias da minha cara-metade, encarei sempre a possibilidade de começar a ler Zafón como muito remota: escritor da moda, um ar estranho, o que me diziam dos enredos não me atraia.
Mas é um exercício sempre angustiante, quase de tortura, olhar para as minhas prateleiras ou amontoados de livros e descobrir alguns que não tenha lido, que simplesmente ignorei, com algum snobismo, eu, que desde o "...com poejos e outras ervas...", do Galopim de Carvalho, às "Novas crónicas da Boca do Inferno", devoro tudo, mas mesmo tudo...
Catalão, nascido em Barcelona e com muitos anos a escrever argumentos para Hollywood, desenvolveu nos seu(s) romance(s) a capacidade de nos transmitir imagens cinematográficas, como se de um script para cinema se tratasse; falo do plural quando ainda vou no meio do seu primeiro grande êxito: "A Sombra do Vento", porque tudo o que leio, sobre o autor e sua obra, com muito poucas exceções, é um chorrilho de encómios, num tempo de parcos elogios aos autores contemporâneos; estou fascinado com a qualidade da escrita: mesmo que nunca se tenha estado em Barcelona, Zafón mostra-nos Montjuic, o Bairro Gótico, a Sagrada Família, La Rambla, e transporta-nos para lá, no pós II Guerra Mundial, e dá-nos não só as ambiências da cidade Condal, como veste os seus personagens com as roupagens de outros tempos, de modo extremamente gráfico...aconselho vivamente, e segundo fontes muito informadas, aconselho tudo!

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