O 25 DE ABRIL DE 1974 E A MEMÓRIA...


Falar do golpe militar iniciado na madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974, atribuindo-lhe uma imagem, impoluta, consensual (ou talvez não), fundamental, é falar do capitão Fernando José Salgueiro Maia...alentejano nascido no Alto Alentejo, na magnifica vila de Castelo de Vide, tornou-se ribatejano por condição militar, na nobre arma de Cavalaria; a sua casa era a Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, hoje esquecida e abandonada, então berço de ideais e principal fornecedor de meios humanos e materiais para o golpe militar; Salgueiro Maia fica na história pelo protagonismo assumido naquela madrugada de Abril, mas fica também, fundamentalmente, pelo desapego que mostrou no dia 26...não quis cargos, honrarias, não se comprometeu com facções, partidos; não falámos dele em Setembro, Março ou Novembro... "Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!"...Em Novembro ainda saiu na frente de uma coluna da EPC, às ordens do Presidente da República, mas ficou por aí a sua participação nos diversos episódios que ocorreram até à "normalização" política, em 76.
Do ponto de vista militar, qualquer análise mais séria mostra que o golpe militar de Abril de 74 foi uma "brincadeira" bem sucedida; qualquer momento bélico da história portuguesa tem uma muito mais complexa utilização de meios, humanos e materiais, um mais complexo plano de operações, do ponto de vista logístico; o MFA evoluiu, politicamente, de uma questão meramente corporativa, o famigerado decreto-lei 253/73, para a revindicação  do fim da guerra colonial, da queda do governo e do fim do Estado Novo. Ficou para a história como a Revolução dos Cravos, pois não teve quase nenhumas balas, as infelizes baixas foram residuais...tudo isto, em grande parte, graças a Salgueiro Maia, presente nos momentos mais tensos daquela madrugada: no Terreiro do Paço, no Carmo, foram as suas decisões, alicerçadas em firmeza e sensatez, que evitaram funestos derramamentos de sangue fratricidas, que consolidaram a ideia romântica de uma Revolução dos Cravos...obrigado por tudo, Fernando Salgueiro Maia! Entre todos os outros, deves ser aquele que ficará na nossa memória! 25 DE ABRIL...SEMPRE!

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